segunda-feira, 20 de junho de 2011

Itapoá recebe primeiro navio e sofre com a falta de rodovia


O porto de Itapoá, no Norte de Santa Catarina, recebeu nessa quinta-feira (16) 
o primeiro navio de carga após conquistar a licença de operação e passar por 
alfandegamento da Receita Federal. O Cap San Lorenzo, embarcação 
do armador Aliança Navegação e Logística, chegou por uma rota vinda do 
Caribe. Com a atracação e o desembarque de cerca de 300 contêineres, 
o porto dá início à movimentação de cargas seis meses após sua inauguração.

Segundo o diretor comercial do porto, Patrício Júnior, a empresa entra em fase 
de atrair outras rotas para o novo terminal. A expectativa é que, nos próximos 
três meses, o porto esteja recebendo oito chamadas semanais vindas dos 
Estados Unidos, Europa, Caribe e em serviços de cabotagem.

O porto é um terminal privativo de uso misto para a movimentação de contêineres 
que tem como acionistas a Portinvest Participações (grupo Battistella e LOGZ 
Logística Brasil S.A.) e a Aliança Navegação e Logística (grupo Hamburg Süd). 
Levou 18 anos para sair do papel, teve investimento de R$ 500 milhões e capacidade 
inicial para 350 mil contêineres por ano.

Apesar do início de movimentação de cargas, o acesso terrestre principal ao porto 
ainda está inacabado. A SC-415, obra do governo estadual que garantiria 
uma entrada independente para os caminhões com destino ao terminal, só deve ser 
entregue no fim de 2011.

Segundo o presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura de Santa Catarina 
(Deinfra), Paulo Meller, o excesso de chuvas nos primeiros quatro meses do ano 
atrasou a terraplenagem da estrada. Segundo relatório do departamento, até 
junho 90% da terraplenagem, 15% da cobertura asfáltica e 85% das obras de arte 
(como pontes e viadutos) foram realizadas. Em agosto do ano passado, a previsão do 
Deinfra era de que o acesso fosse entregue no primeiro trimestre de 2011. A obra foi 
orçada em R$ 39,7 milhões - R$ 25 milhões já foram faturados e pagos. Agora, o 
departamento trabalha com um prazo de entrega para o quatro trimestre deste ano.

Para Junior, a questão não é impeditivo para o funcionamento do porto. "Em vários 
portos do mundo, de Itajaí a Roterdam, os caminhões passam por dentro das cidades 
para chegar ao terminal. Aqui não vai ser diferente." A expectativa do diretor é que 
entre julho e agosto a SC-415 esteja em condições transitáveis.

Até lá, os caminhões irão utilizar uma rota alternativa. O trajeto prevê 10 km de trânsito 
dentro da área urbana de Itapoá, o que gerou desconforto entre os moradores. Como 
havia uma lei municipal que proibia o tráfego de caminhões de contêineres dentro 
da cidade, o poder público e o porto precisaram entrar em consenso.

Após anuência dos moradores da cidade, consultados em audiência pública, a 
Câmara de Vereadores tenta aprovar nova lei que permita o trânsito dos 
caminhões de contêineres durante 12 meses. Segundo o secretário de Planejamento 
do município, Rafael Almeida, a nova lei deve ser votada na segunda-feira (20). A licença 
expedida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), no começo do mês, limita 
o acesso ao porto a 36 caminhões/dia no atual trajeto.

Junior diz que a administração do porto irá demonstrar para o Ibama que há 
condições de um número maior de caminhões trafegarem na cidade. De acordo 
com ele, o aumento do tráfego será gradativo e não deve ultrapassar as 400 viagens 
por dia até a SC-415 estar concluída. Conforme o secretário de Planejamento, Rafael 
de Almeida, para utilizar o acesso dentro da cidade, a administração do terminal deverá 
conceder uma série de contrapartidas ao município.

Fonte:Valor Econômico/Júlia Pitthan | De Florianópolis

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